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26 de Abril de 2024

No Chile, greve de caminhoneiros durou 26 dias – e derrubou o governo

Paralisação de 1972 agravou a crise econômica pela qual passava o país e culminou no que seria o golpe de Estado que retirou do poder o então presidente Salvador Allende

Publicado por Giordano Bruno
há 6 anos

Há 5 dias o Brasil está parado pela greve dos caminhoneiros, que já afeta o abastecimento de alimentos, combustíveis e da indústria. A situação, que fica mais caótica a cada dia que passa, pode ficar ainda pior, a julgar pelo histórico: em 1972, no Chile, uma greve de caminhoneiros que durou 26 dias agravou a crise econômica pela qual passava o país, incendiou diversos outros movimentos grevistas e culminou no que seria o golpe de Estado que retirou do poder o então presidente Salvador Allende.

Greves de caminhoneiros são notórias em outros países, como na França, por justamente ameaçar toda a cadeia de distribuição de um país. No Brasil, onde quase 80% dos serviços de transporte de carga utilizados são rodoviários, o exemplo chileno merece ser lembrado.

Em outubro de 1972, os caminhoneiros paralisaram o país pela primeira vez, protestando contra a criação de uma autoridade nacional de transporte, e ativando o gatilho do que seria uma crise trabalhista no país. Estimativas do governo apontam que aquela paralisação inicial custou ao país 200 milhões de dólares na época. Hoje, esse valor seria de mais de 1,2 bilhão de dólares. O governo de Allende resolveu a situação sentando para conversar com os caminhoneiros no final de outubro, mas já era tarde.

Salvador Allende, então presidente de um governo de esquerda, havia sido eleito em 1970 com uma plataforma de nacionalização de serviços, como o sistema de saúde, e da indústria mineral, além de propor a redistribuição de terras. Um ano depois, em agosto de 1973, 40.000 caminhoneiros voltariam a paralisar o país, ao lado de outros 210.000 donos de pequenos negócios e empresários.

Em agosto de 1973, nos momentos derradeiros do governo, a paralisação dos caminhoneiros foi tão catastrófica para a economia que o ministério do Planejamento Nacional emitiu um comunicado sobre as consequências econômicas da paralisação. “A agricultura está seriamente ameaça, a indústria desacelerou e o suprimento de commodities atingiu um ponto crítico”, afirmava o relatório, depois de 23 dias da segunda greve de caminhoneiros.

“Esta é uma greve política, com o objetivo de derrubar o governo com a ajuda do imperialismo”, afirmou Gonzalo Martner, então ministro da pasta. A segunda paralisação foi mais intensa porque o Chile ainda não havia sequer se recuperado integralmente da que havia acontecido um ano antes.

O governo de Allende chegou ao ponto de destacar 500 policiais e três tanques rumo a um galpão onde estavam cerca de mil caminhões para tentar apreender os veículos e forçar os caminhoneiros a retornar ao trabalho. Nesta sexta-feira, o presidente Michel Temer convocou o uso das forças de segurança para desobstruir estradas em todo o país. “Vamos implantar o plano de segurança para superar os graves efeitos do desabastecimento causado por essa paralisação, comunico que acionei as forças federais de segurança para desbloquear as estradas e estou solicitando ao governadores que façam o mesmo”, afirmou o presidente.

Na madrugada de 11 de setembro de 1973, aviões militares sobrevoaram e bombardearam o palácio presidencial. Lá estava Allende, quase só. Não se dispondo a sofrer humilhações, valeu-se da submetralhadora que lhe fora presenteada por Fidel Castro para pôr fim à própria existência. Estava instaurada a ditadura pinochetista.

A morte de Salvador Allende e o início da ditadura militar, que durou até 1990, deixou mais de 3 mil mortos.

Coincidências? Semelhanças existem, de fato...

Fontes: https://exame.abril.com.br/mundo/no-chile-greve-de-caminhoes-durou-26-diasederrubouogoverno-2/

https://www.passeiweb.com/estudos/sala_de_aula/historia/ditadura_chile_1

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5 Comentários

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Dr Giordano Bruno, devido minha idade (76), lembro-me perfeitamente do ocorrido (Chile). Esquerda à parte, comunismo, Fidel Castro idem, se o País está praticamente "falido", incluindo aí a "menina dos olhos" do Getúlio, e estando nós quase que 100% dependentes do combustível externo, logicamente os preços praticados, por aqui, são assustadores, incluindo-se aí os impostos federais e estaduais. Olha Dr, tá certo que sempre há alguém mais "grosso" nessa estória de "quanto pior melhor" (pra esse alguém), mas quem é que aguenta tantos impostos, tanta corrupção e desvios de verbas públicas, enriquecimento ilícito do "cara" e seus "cumpanheiros"? Golpe a lá Pinochet, ou algo similar, para o "povão" incluindo-se aí o trabalhador comum, os empresários, esse é um detalhe sem muita importância. Para se colocar um "trem descarrilhado" novamente nos trilhos, só com muita energia e medidas nem sempre "água com açúcar". PS: Como já citei em texto anterior: Hoje, já há muito mais "motivos" pra isso (Intervenção Militar ou similar), que em 64, pois eu "estava lá" e me recordo muito bem...Há outra solução, sem dinheiro nos cofres públicos, e com gente dos 3 Poderes envolvida em esquemas escusos? continuar lendo

Embora seja bem mais jovem - só apareci nesse mundo (oficialmente) em 79 - concordo que as coisas estão péssimas e precisamos botar pressão nesses caras e, em outubro, abrir o caminho deles para Curitiba.

É positivo ameaçar o status quo com uma intervenção militar, mas não devemos apoia-la tendo em vista que já não se fazem mais militares de alto escalão como antigamente. Na verdade, assim como aconteceu na Venezuela - onde Chaves foi um militar do exército - há muitos marxistas infiltrados.

Desta feita prefiro dar o mandato presidencial de forma democrática ao Bolsonaro. De certa forma estou curioso e quero saber mais sobre os planos do General Mourão (o qual simpatizo) de colocar um pelotão de militares no congresso democraticamente. continuar lendo

Agradeço pela resposta e história de vida, é sempre bom saber da visão de outras pessoas, sobretudo daquelas que vivenciaram a época. Particularmente não sou a favor de intervenção militar, porém, do modo como as coisas estão andando, infelizmente podemos chegar nesse fim... continuar lendo

Terceiro IDH das Américas, só ficando atrás de EUA e Canadá!

Ao contrário dos "ditadores" brasileiros que eram "torturadores" (torturavam os esquerdistas com dinheiros para comprar o seu silêncio com embrafilme e subsídios para vereadores), Pinochet realmente deu uma limpada no país. Será que ele não tinha razão?

Hoje, cidadãos de paises que sofreram com a ideologia maligna do "socialismo" - como a Polônia - fazem até músicas em homenagem à aquele que fazia FHC tremer de raiva (a ponto de "lamentar" a sua morte por não poder "puni-lo").

https://www.youtube.com/watch?v=DFJzHqG6htE continuar lendo

Não conhecia essa história da Polônia, obrigado por compartilhar! continuar lendo